
Enquanto a chuva cai la fora, meu corpo fica a cada instante mais frágil pelo vazio que se encontra dentro desse corpo desalmado. Saio e descalça, corro cada vez mais rápido, sentindo o vento gelado em minha face e tendo a sensação de cada gota que encontra meu rosto, me canso e encontro o concreto frio do asfalto, sento-me e aprecio o cheiro forte de poeira, que agora está molhada. Acompanho lentamente o percurso de uma única gota, que vejo cair sob meus ombros nus, encontrar minhas vestes encharcadas, descer pelos meus membros inferiores, chegar em meus pés calejados de tanto correr, depois, à poça d'água. Lembro-me de cada instante que vivemos juntos, bons e ruins. Ao passar meus dedos ásperos em meu rosto, vem-me a lembrança de quando me acariciava com suas mãos grandes e macias, e sussurrava em meus ouvidos o quanto me amava e nada nos separaria... Abro minha bolça, sinto o objeto pontiagudo que estava apenas esperando a hora certa. Trêmula, pego com firmeza e cravo em meu peito, porém a dor não é maior do que a de te perder. Realmente nada nos separaria, nem a morte.
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